Nota introdutória

Este blog é sobre a RAF, um grupo desportivo (e cultural) que nasceu em 1975 e não resistiu no tempo.Teve uma actividade desportiva intensa durante cerca de uma década e não sobreviveu perante condicionalismos de ordem humana e financeira. Teve uma vida curta mas recheada de momentos que me enchem de orgulho por ter pertencido e vivido intensamente este grupo. Falo por mim, mas seguramente, que este sentimento será partilhado pela maioria dos "Rafeiros" que fundaram e promoveram este grupo desportivo.
De certa forma, a história da RAF está ligada à história do clube mais representativo da nossa cidade, o Farense, e também à história da própria cidade, Faro, no que se refere ao seu património desportivo.
Este blog é sobre a RAF, sobre o seu “renascimento”. Tudo indica que a RAF voltou a (re)nascer, para dar suporte e enquadramento a um grupo de pessoas, jovens e adultos, apostados em fazer do andebol, uma modalidade viva na nossa cidade. A RAF faz parte da memória colectiva do andebol farense, algarvio, nacional. Acho que posso dizer, sem receio de errar, que o andebol na RAF marcou uma época e dignificou a modalidade no Algarve, a exemplo de outros clubes que muito fizeram e (ainda) continuam a fazer em prol do desenvolvimento da modalidade. Uma referência particular para os nossos “saudosos” rivais, Clube de Vela de Tavira e Clube Náutico do Guadiana. Outros tempos, belíssimos tempos. Aproveito para prestar a minha homenagem a esses clubes que souberam resistir, sobreviver às dificuldades e que continuam a fazer um trabalho meritório na modalidade.
Mas a RAF, não foi só andebol…
Começámos por ser um grupo de amigos que se reunia no, já inexistente, Café Atlântico, na Rua de Stº António. Tínhamos em comum, o facto de a maioria ter representado o S.C. Farense nos escalões juvenis e juniores. Havia jovens de várias gerações, sendo que entre o "rafeiro" mais velho e o mais jovem se observaria uma diferença de, mais ou menos, 12 anos.
As diferença de idade não tinham significado. O que contava era o nosso ideal.
Éramos, sobretudo, um grupo de Amigos. Na RAF havia uma regra: “ não há regras só acordos e princípios tácitos” que todos respeitávamos. A RAF não tinha presidente, secretário, tesoureiro, reuniões de Direcção. Não existiam hierarquias, unicamente lideres naturais, como em tudo na vida. As decisões a tomar eram discutidas em reuniões marcadas para tal. Todos opinavam e depois encontrava-se um grupo de trabalho para solucionar a questão.Éramos um clube organizado para dar resposta às nossas motivações e interesses centrados na prática desportiva e no espírito de amizade que nos unia a todos.
Construímos equipas federadas, entrámos em campeonatos nacionais, organizámos Jogos Juvenis, praticámos modalidades como o andebol masculino e feminino, o voleibol, o futebol de salão, dinamizámos o desporto, desenvolvemos actividades no âmbito do desporto para todos, realizámos eventos desportivos, organizámos competições, construímos um polidesportivo, a partir de uma lixeira, que serviu para prática desportiva durante alguns anos, no tempo em que o único recinto existente em Faro era o parque da Alameda João de Deus.
Se a História de Faro se faz com todos nós farenses, se “a história somos nós”, a história da RAF faz-se dos “nossos feitos”, das nossas acções, das nossas conquistas, das vitórias, das derrotas, das pequenas estórias que habitam nas nossas recordações. A nossa história é pública. Faz-se ao contar-se…Tudo é História, desde a história às estórias.
Este blog pretende ser presente, porque vai acompanhar a actividade andebolística da RAF, mas, é ao mesmo tempo, um desafio para que possamos recontar o passado, para que nos possamos contar a nós próprios.
E, este blog será sinónimo de futuro porque a RAF não acabou e a sua história não está finalizada…
(joca)